Marcos Ramon
Olhando com cuidado
Enquanto espero para decidir qual será a próxima tarefa que vou tentar cumprir (deixando muitas outras para depois), reflito sobre esse desafio constante de lutar contra mim mesmo e contra o que sou capaz de realizar. Olhando com cuidado, só consigo concluir que nosso modo de vida é apenas uma grande distração. Quando não estamos engajados em atividades produtivas, sentimos a necessidade de preencher nosso tempo e esforços com coisas que, embora desnecessárias, parecem urgentes.
Recentemente, venho lutando contra meu vício em smartphone. Acordo e, enquanto preparo o café, dou uma olhada para ver se há algum e-mail importante, alguma notícia urgente ou alguma notificação de algo que supostamente não posso perder. Às vezes tem alguma coidsa, mas na maioria das vezes não, e eu sempre poderia adiar tudo sem que nada de grave acontecesse: as pessoas continuariam saindo de casa, a rua ia ter barulho e movimento, o tempo no relógio ia passar… Por que então insistir que tudo é para agora? Por que pensar que algo importante aconteceria justamente comigo?
Não sou importante, mas gostaria de ser. Esta é a única resposta que encontro. Para viver melhor, preciso aceitar minha desimportância.
Marcos Ramon
Professor no Instituto Federal de Brasília, pesquisando ensino, estética e cibercultura. Lattes | ORCID | Arquivo comments powered by DisqusMarcos Ramon / Professor de Filosofia, pesquisando estética e cibercultura.
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